BC vê inflação elevada em 2015, mas indica 'parcimônia' na alta de juros

12 Dez, 2014 às 08:00

  • A inflação tende a permanecer elevada em 2015, segundo o Banco Central, mas deve entrar "em longo período de declínio". A avaliação está na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada nesta quinta-feira (11). Na reunião, realizada na semana passada, o BC elevou para 11,75% a taxa básica de juros, a Selic.O Banco Central também avalia que a inflação só deve ir para 4,5% (o valor central da meta do governo) em 2016."O Copom destaca que, em momentos como o atual, a política monetária [definição de juros para conter a inflação] deve se manter especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação, como o observado nos últimos doze meses, persistam no horizonte relevante para a política monetária [até o fim de 2016]", informou o Banco Central, na ata do Copom.Com taxas maiores, a instituição busca reduzir o crédito disponível e, assim, o dinheiro em circulação. Dessa forma, é possível diminuir a quantidade de pessoas e empresas dispostas a consumir bens e serviços, e, teoricamente, os preços tendem a cair ou parar de subir.No documento, o BC indicou ainda que novas altas de juros devem ser feitas como moderação: considerando os "efeitos cumulativos e defasados da política monetária" [altas de juros já implementadas até o momento], o "esforço adicional de política monetária [próximos aumentos de juros] tende a ser implementado com parcimônia".PIB patina, mas inflação segue altaA aceleração do aumento de juros, conduzida na semana passada pelo Banco Central, aconteceu em um cenário de estagnação da economia brasileira, mas com inflação ainda resistente. O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas, avançou somente 0,2% de janeiro a setembro deste ano. No terceiro trimestre, a economia brasileira saiu da recessão técnica registrada na primeira metade do ano, mas com uma alta de somente 0,1% no PIB.Ao mesmo tempo, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, somou 6,56% em doze meses até novembro, completando quatro meses acima do teto de 6,5% do sistema de metas de inflação brasileiro. A meta, porém, vale somente para anos fechados. O mercado e o Ministério da Fazenda acreditam que a inflação ficará abaixo do teto de 6,5% neste ano."Para o Copom, o fato de a inflação atualmente se encontrar em patamares elevados reflete, em parte, a ocorrência de dois importantes processos de ajustes de preços relativos na economia – realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais [alta do dólar] e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres [aumento de tarifas, como energia, e gasolina, por exemplo]. O Comitê considera ainda que, desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação desses ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável", informou o Copom nesta quinta-feira.Próximos passos do BC nos jurosAo subir os juros na semana passada, o Banco Central já havia informado que as próximas elevações da taxa Selic seriam feitas com "parcimônia", conforme foi reafirmado na ata da reunião divulgada nesta quinta. O mercado financeiro já prevê, com isso, uma desaceleração no ritmo de alta da taxa básica da economia, para 0,25 ponto percentual, em janeiro – para 12% ao ano.Permanece, entretanto, a dúvida sobre qual será o tamanho do ciclo de alta dos juros, ou seja, quantas elevações serão feitas. Até a semana passada, a expectativa dos economistas dos bancos era de que o BC promoveria mais três aumentos seguidos de 0,25 ponto percentual – até 12,5% ao ano – em abril de 2015.O CopomCavaliou ainda que a demanda agregada tende a se apresentar relativamente robusta no horizonte relevante para a política monetária, ou seja, até o fim de 2016."De um lado, o consumo das famílias tende a registrar ritmo moderado de expansão, devido a efeitos de fatores de estímulo como o crescimento da renda e a expansão moderada do crédito; de outro, condições financeiras relativamente favoráveis, concessão de serviços públicos, ampliação das áreas de exploração de petróleo, entre outros, tendem a favorecer a ampliação dos investimentos. Por sua vez, as exportações tendem a ser beneficiadas pelo cenário de maior crescimento de importantes parceiros comerciais e pela depreciação do real", informou.Segundo o Banco Central, esses elementos citados, assim como "os desenvolvimentos no âmbito parafiscal" (superávit primário feito pelo setor público) e no mercado de ativos (preço do dólar, por exemplo), são "partes importantes do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas, que, na visão do Comitê, tende a ocorrer em 2016".Fonte: G1

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